VEJA!

BAND NEWS RÁDIO FM-RJ

BAND NEWS RÁDIO FM-RJ

OPORTUNIDADES

INFORMAÇÕES DO PROJETO:

BRASIL, RIO DE JANEIRO - 2016
CURSO DE ARTE RECICLAGEM -
EMAIL: calves1972@yahoo.com.br
***Vencedor da segunda edição do Projeto Sustentabilidade 2012 EDUCAÇÃO*** POR CARLOS A. BARBOSA***
Professor Artesão e Escritor
O PROJETO SOCIAL TRABALHA COM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, O OBJETIVO DO APP e INFORMAR, PESQUISAR, CONSCIENTIZAR A SOCIEDADE A MELHORAR O MEIO AMBIENTE EM QUE VIVEMOS AO USO DE SACOLAS ECOLÓGICAS E A RECICLAGEM DO LIXO SUSTENTÁVEL, VOLTADOS PARA ESCOLAS E COMUNIDADES RJ; * TEMOS CURSO DE RECICLAGEM EM PAPEL – 100 Pratico%. TÉCNICAS EM PAPEL E PET, PLÁSTICO, METAIS, AULAS PARTICULARES, ESCOLAS, ETC Maquetes.
****PARCERIAS E PATROCINADOR PARA ESCOLA DE ARTE: CONTADO email: calves1972@yahoo.com.br.
ESTÁ EM FASE TESTE!
PARTICIPE E USE O APP NÃO JOGUE O LIXO NAS RUAS!
http://galeria.fabricadeaplicativos.com.br/nao_jogue_lixo_nas_ruas

PROJETO MODELO ARTE ECOLÓGICA PRÊMIOS RECONHECIDOS:

http://www.istoe.com.br/reportagens/270477_TRANSFORMADORES

http://blog.clubedeautores.com.br/2013/02/autor-do-clube-vence-premio-da-revista-istoe.html

PARCERIAS:

http://lixozero.org/v2/



sábado, 10 de outubro de 2009

FLAMENGO

História
O início no remo
O Flamengo já nasceu com a garra e o espírito vencedor. A idéia da criação de um grupo organizado de remo surgiu em bate-papos de jovens do bairro no Café Lamas, no Largo do Machado. O objetivo era entrar na disputa com clubes de outros bairros, como o de Botafogo, que já atraíam a atenção das mocinhas da época.
Jovens remadores - José Agostinho Pereira da Cunha, Mário Spindola, Nestor de Barros, Augusto Lopes, José Félix da Cunha Meneses e Felisberto Laport – resolveram comprar um barco. O escolhido foi um já velho, porém adequado às finanças disponíveis. Cotizaram o dinheiro, adquiriram o primeiro patrimônio, que foi nomeado de Pherusa, e fizeram uma reforma completa para utilizá-lo.
No dia 6 de outubro, os jovens, mais Maurício Rodrigues Pereira e Joaquim Bahia, foram dar a primeira volta com o barco. Saíram da Ponta do Caju, na praia de Maria Angu (atual Ramos), de tarde. Mesmo com o tempo ameaçador no céu, Mário Spindola dirigiu rumo à praia do Flamengo. Então, o primeiro grande desafio do grupo surgiu. O forte vento virou a embarcação e os náufragos tiveram que se segurar no que restou da Pherusa.
Joaquim Bahia, excelente nadador, saiu até a praia em busca de ajuda. Mas a chuva cessou e logo apareceu um outro barco, o Leal, de pescadores da Penha, e fez o resgate dos jovens e da Pherusa. A preocupação passou a ser Bahia, que depois de quatro horas chegaria à praia, tornando-se o primeiro herói do Flamengo.
A recuperação de Pherusa foi iniciada novamente. Quando ela já estava quase pronta, foi roubada e nunca mais vista. Mas o entusiasmo em fundar um grupo de regatas não desapareceu.
Os jovens decidiram comprar outro barco. George Lenzinger, José Agostinho, José Félix e Felisberto Laport entraram na história, juntaram o dinheiro necessário e compraram o Etoile, de Luciano Gray, logo batizado de Scyra e registrado na Union de Canotiers.
Na noite de 17 de novembro de1895, no casarão de Nestor de Barros, número 22 da Praia do Flamengo, onde era guardada a Pherusa e depois a Scyra, foi fundado o Grupo de Regatas do Flamengo e, com ele, eleita a sua primeira diretoria: Domingos Marques de Azevedo, presidente; Francisco Lucci Colás, vice-presidente; Nestor de Barros, secretário; Felisberto Cardoso Laport, tesoureiro.
Destacados ainda como sócios-fundadores, José Agostinho Pereira da Cunha, Napoleão Coelho de Oliveira, Mário Spíndola, José Maria Leitão da Cunha, Carlos Sardinha, Eduardo Sardinha, José Felix da Cunha Menezes, Emygdio José Barbosa (ou Emygdio Pereira, ou ainda Edmundo Rodrigues Pereira, há controvérsias) Maurício Rodrigues Pereira, Desidério Guimarães, George Leuzinger, Augusto Lopes da Silveira, João de Almeida Lustosa e José Augusto Chalréo, sendo que os três últimos faltaram à reunião, mas assinaram a ata dias depois e receberam o título.
No encontro, foi acordado que a data oficial seria a de 15 de novembro, pois no aniversário do Flamengo sempre seria feriado nacional (Dia da Proclamação da República), e que as cores oficiais seriam azul e ouro, em largas listras horizontais.
Primeiras competições, vitórias e mudanças
A preocupação com o nacionalismo foi marcante no início do Flamengo. Primeiramente, a denominação de grupo, ao invés de clube, palavra estrangeira. Depois, com a aquisição de novos barcos ao longo dos anos, a origem dos nomes foi a indígena (Aymoré, Iaci e Irerê) ao invés dos antigos, derivados do grego (Pherusa e Scyra).
Mas foi com a Scyra mesmo que o Flamengo entrou em sua primeira competição. Um fiasco, causado pela inexperiência dos seus remadores, que comeram um bacalhau à portuguesa com vinho verde antes da disputa. O barco bateu na baliza de sinalização, a tripulação enjoou e, no fim, a embarcação do Botafogo rebocou a Scyra. Passado o primeiro vexame, o Flamengo começou a competir, mas só conseguiu chegar em segundo e terceiro lugar. Por isso, foi logo chamado de Clube de Bronze.
A primeira vitória veio no dia 5 de julho de 1898, na I Regata do Campeonato Náutico do Brasil, com Irerê, uma baleeira a dois remos. Nesta época, o Flamengo já reunia seguidores de todas as classes sociais, dos intelectuais, passando pelas famílias tradicionais, até os empregados de comércio, todos torcedores fanáticos do grupo. As mocinhas que caminhavam na praia do Russel acabam sempre no número 22 e a sede do Flamengo ficou conhecida como a "República da Paz e do Amor".
Antes um pouco, em 23 de novembro de 1896, uma das mudanças mais significativas na história do Flamengo. Como as camisas do uniforme, listradas nas cores azul e ouro, eram importadas da Inglaterra e desbotavam com facilidade devido ao sol e ao mar das competições do remo, Nestor de Barros propôs que elas fossem para vermelha e preta. Junto com a mudança das cores e o crescimento do Flamengo, veio a transformação de Grupo em Clube, sugerida pelo poeta e cronista Mário Pederneiras. Estava definitivamente concretizado o amor rubro-negro pelo Clube de Regatas do Flamengo.
Futebol disputa espaço com o remo
Depois de começar mal no remo, o Flamengo foi pegando experiência com o tempo. Afinal, outros grupos já existiam há mais tempo e venciam as competições com maior freqüência, como o Gragoatá, o Botafogo e o Vasco da Gama. As primeiras provas eram conquistadas enquanto a paixão pelo clube aumentava.
A partir do início do século XX, o futebol começava a disputar popularidade na cidade do Rio de Janeiro com o remo. Mas, como o clube rubro-negro não dispunha de departamento de esportes terrestres, seus sócios eram obrigados a acompanhar o Fluminense também, pois em Laranjeiras havia um time para torcer.
O maior exemplo desta divisão era Alberto Borgerth. Pela manhã, era remador no Flamengo. À tarde, representava o Fluminense no futebol. Os torcedores, sem opção para acompanhar os dois esportes em um só clube, seguiam o mesmo comportamento, dividindo-se na paixão clubística.
O Flamengo, então, começou a dar os seus primeiros passos no nobre esporte bretão. O clube começa a disputar alguns amistosos. No primeiro, realizado dia 25 de outubro de 1903 no Estádio do Paissandú Atlético Clube, perde do Botafogo por 5 a 1, com a seguinte formação: G.V. de Castro, V. Fatam, H. Palm, Sampaio Ferraz, A. Gibbons (capitão), L. Neves, C. Pullen, M. Morand, A. Vasconcelos, D. Moutinho e A. Simonsen, com os reservas M. Gudin e A. Furtado.
Uma curiosidade é que o time de futebol não entrava em campo com o uniforme oficial do Flamengo. No primeiro jogo, vestiu camisas brancas e shorts pretos. Depois, foi obrigado a usar o Papagaio de Vintém e a Cobra Coral. O esporte era malvisto pelo remo rubro-negro e, por isso, o clube só se filiou à Liga Metropolitana de Futebol – criada em 1905 - em 1912, depois do ingresso dos ex-tricolores, ficando cerca de nove anos disputando somente amistosos.
O futebol oficial no Flamengo
O futebol do Flamengo é dissidente do Fluminense. Em 1911, o tricolor estava às vésperas do título carioca, mas, atravessava grave crise interna. O capitão do time, Alberto Borgeth (o mesmo que remava pelo Flamengo), se desentendeu com os dirigentes e, depois de conquistado o campeonato, liderou um movimento de saída das Laranjeiras. Dez jogadores campeões deixaram o Fluminense: Othon de Figueiredo Baena, Píndaro de Carvalho Rodrigues, Emmanuel Augusto Nery, Ernesto Amarante, Armando de Almeida, Orlando Sampaio Matos, Gustavo Adolpho de Carvalho, Lawrence Andrews e Arnaldo Machado Guimarães.
Dia 8 de novembro, foi aprovado o ingresso dos novos sócios. Os remadores do Flamengo, porém, não eram favoráveis à dedicação oficial do clube rubro-negro ao futebol, caso que estava sendo analisado por uma comissão da qual o líder era justamente Alberto Borgerth.
Mas não teve jeito mesmo. Em assembléia realizada no dia 24 de dezembro de 1911, o Flamengo criou oficialmente o seu time de futebol, sob a responsabilidade do Departamento de Esportes Terrestres.
A equipe treinava na praia do Russel e conquistava maior simpatia ainda com o povo, que acompanhava de perto os atletas no dia-a-dia. No primeiro jogo oficial, realizado dia 3 de maio de 1912, no campo do América, na Campos Sales, uma goleada, a maior da história do clube. O Flamengo venceu o Mangueira por incríveis 15 a 2. A equipe rubro-negra jogou com Baena, Píndaro e Nery; Curiol, Gilberto e Galo; Baiano, Arnaldo, Amarante, Gustavo de Carvalho, e Borgerth. Gustavo Adolpho de Carvalho marcou o primeiro gol oficial da história do Flamengo e fez outros três no jogo. Arnaldo (4), Amarante (4), Borgeth (2) e Galo (1) completaram o placar.
Como não possuía um campo próprio, o Flamengo mandava os seus jogos no Fluminense. Depois de um tempo, arrendou um espaço na rua Paissandu, de propriedade da família Guinle, e parou de considerar o estádio das Laranjeiras como a sua casa.
O primeiro FLA X FLU e os primeiros títulos
No dia 7 de julho de 1912, o Flamengo disputou o seu primeiro Fla x Flu. Os campeões dissidentes do tricolor que passaram a defender o rubro-negro, porém, surpreendentemente perderam por 3 a 2 no confronto com o ex-clube. Muitos dizem que por causa desta derrota é que abriu-se a enorme ferida que alimenta a eterna rivalidade do clássico mais famoso do mundo, o único que tem nome próprio.
Mas a primeira derrota para o rival não abalou em nada o ânimo rubro-negro. Nos oito primeiros anos de disputa futebolística, dois tricampeonatos nos 2º Quadros (aspirantes da época), 1912/13/14 e 1916/17/18, dois vice-campeonatos, em 1912/13, e um bicampeonato com a equipe principal, 1914/15.
No primeiro título oficial conquistado pelo Flamengo, apenas uma derrota, para o Botafogo, por 2 a 1. Já o bicampeonato foi invicto. Destacou-se nas duas campanhas o artilheiro Riemer, com 8 gols em 1913, 14 e 15.
Conforme ia se afirmando como esporte importante no clube, o futebol mudava de uniforme. Em 1912, a estréia oficial foi feita com a camisa quadriculada em vermelho e preto, logo apelidada jocosamente de Papagaio de Vintém pelos adversários. No ano seguinte, mudança para as listras vermelha e preta, sendo que com um friso branco entre uma e outra. Também ganhou apelido, o de Cobra Coral. Como era muito semelhante ao pavilhão fascista alemão, em 1914 ficou determinado finalmente que os jogadores do futebol poderiam usar o mesmo uniforme dos remadores, implantando-se, enfim, a igualdade nos dois esportes. O resultado foi a conquista do primeiro título. Superstição ou não, funcionou e continuou assim.
Mas, após o bicampeonato de 1914/15, o Flamengo sofreu um duro golpe. A família Guinle não quis renovar o contrato de arrendamento do campo de treino da rua Paissandu, dando somente a opção de compra. Como o clube não dispunha de verbas para investimento de tal vulto, ficou com o prazo até o dia 31 de dezembro de 1931 para deixar o local.
A conquista definitiva do povo
A década de 20 foi boa para o Flamengo. Depois de conquistar os títulos de 1914/15 no futebol, o clube voltou a levantar o título carioca em 1920, de forma invicta e marcando a primeira dobradinha com o remo - que havia ganho pela primeira vez no bicampeonato de 1916/17 - sendo campeão de terra e mar.
A taça de 1920 também foi importante para aumentar ainda mais a rivalidade com o Fluminense. Com a conquista, o Flamengo impediu, pela primeira vez, um tetracampeonato do tricolor.
Em 1921, novo título no futebol. Os principais nomes do time eram os atacantes Junqueira, Candiota, Nonô e Sidney, Porém, nos três anos seguintes, o Flamengo foi vice-campeão seguidamente, voltando a conquistar o Carioca somente em 1925. Nesta campanha, só foi derrotado uma vez - pelo Fluminense, placar de 3 a 1 -, venceu pela primeira vez outro tradicional rival, o Vasco da Gama, por 2 a 0, e teve em Nonô o grande artilheiro e destaque novamente, com 27 gols em 18 jogos.
Raça Rubro-Negra popular
No ano de 1927 aconteceram dois episódios que comprovam muito bem a força que o Flamengo já representava com apenas trinta anos de história. O primeiro foi o poder rubro-negro no futebol. O segundo, a sua famosa popularidade comprovada em números.
Suspenso por um ano pela Associação Metropolitana de Esportes Atléticos por ceder o seu campo de treinamento ao Paulistano para um amistoso com argentinos, o clube ficou sem jogadores. Os atletas se transferiram para outros times ou abandonaram a carreira, não acreditando que o Flamengo pudesse reverter a situação.
Mas o povo se revoltou e exigiu a volta do clube às competições. Autorizado a disputar o campeonato carioca, o Flamengo contou apenas com jogadores que já haviam encerrado a carreira. Na primeira partida, uma goleada sofrida frente ao Botafogo por 9 a 2. Mesmo assim, a raça rubro-negra falou mais alto na hora da decisão e o Flamengo reverteu a situação mesmo com um time improvisado, sendo campeão em cima do Vasco, vencendo as decisões do turno, 3 a 0, e do returno, 2 a 1.
Nesta última partida, o atacante Moderato mostrou do que a paixão rubro-negra é capaz, apesar do incipiente profissionalismo. O jogador, que sofrera uma cirurgia de apêndice dois dias antes do jogo, atuou com uma cinta e suportou fortes dores até o fim dos noventa minutos.
O outro episódio marcante do ano de 1927 é a eleição do clube mais querido do Brasil. Com o objetivo de apontar a agremiação mais popular do país, o Jornal do Brasil promoveu uma votação em que os leitores deviam enviar cupons apontando o seu time do coração.
Os jornaleiros lusitanos, então, escondiam os exemplares e só os vendiam aos torcedores vascaínos. No dia de entregar os cupons na sede do jornal, rubro-negros se disfarçaram de portugueses e recolheram os votos cruzmaltinos, jogando-os no poço do elevador e nas latrinas. Na hora da contagem dos votos, o Flamengo foi eleito o Mais Querido do Brasil. Estava comprovada definitivamente a popularidade e a força do clube.
Preocupação com o patrimônio Rubro-Negro
Junto com a conquista dos títulos do futebol e do remo, o Flamengo se movimentava para aumentar o seu patrimônio. Em 1920, os sócios autorizaram a diretoria a comprar o prédio do nº 66 e o restante do nº 68 (antigo nº 22, residência de Nestor de Barros e local de fundação do Grupo de Regatas do Flamengo), onde já estava sediada a sede náutica e social do clube.
Quase no fim da campanha de arrecadação junto ao quadro social, em 25 de março de 1925, o presidente Faustino Esposel reuniu a diretoria e comunicou a disposição do então prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Antônio Prado Jr,. de ceder uma área de mais de 34 mil metros quadrados às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Com a possibilidade de ter um grande espaço para as atividades sociais e esportivas do clube, a diretoria do Flamengo hipotecou os prédios de º 66 e 68 assim que os adquiriu, visando aumentar as verbas e poder dar início às obras na Gávea para a construção do estádio próprio.
O primeiro jogo na Gávea, ainda sem muro e cercado por um punhado de madeiras, aconteceu em 26 de novembro de 1926 entre a Liga de Amadores de Foot-Ball (São Paulo) contra a Association de Amateurs de Argentina.
Profissionalismo, jejum e Gávea
Os anos trinta foram marcados pelo jejum rubro-negro no futebol. Ocupado em dar início às obras no terreno da Lagoa, o Flamengo teve o maior período sem títulos no esporte mais popular.
Com a última taça sendo conquistada de maneira brilhante em 1927, o Flamengo só voltou ao posto de melhor time carioca doze anos depois, no campeonato de 1939, já com o seu estádio pronto.
Em 1936, 1937 e 1938, o rubro-negro viu o tricolor ser campeão carioca, ficando com o vice. Mas a espera valeu a pena, pois o título de 1939 evitou, pela segunda vez, o inédito tetracampeonato do Fluminense. O rival das Laranjeiras havia contratado quase toda a seleção paulista e ganho o tri nos anos anteriores. O Flamengo tinha os craques Yustrich, Domingos da Guia, Leônidas da Silva, Valido e Jarbas e não perdeu um jogo para o então grande tricampeão – venceu dois dos três confrontos, por 2 a 1 -, coroando a campanha com uma vitória em cima do Vasco por 4 a 0.
Construção da Gávea
Em de 14 de novembro de 1931, pelo decreto municipal 3.686, o Flamengo ficou com o direito de cessão e aforamento do terreno da Lagoa garantido pelo prazo de 60 anos. Ali o clube construiu seu primeiro estádio de futebol, com cercas de madeira.
No dia 28 de dezembro de 1933, o então presidente José Bastos Padilha pagou a taxa de 497 contos de réis e o Flamengo pôde começar as obras de construção do estádio da Gávea – o Estádio José Bastos Padilha -, com capacidade para 6 mil espectadores.
No lançamento da pedra fundamental do estádio, o Prefeito do Distrito Federal já era Pedro Ernesto, que foi homenageado na ocasião. Em 10 de janeiro de 1935, pressionado pela Prefeitura, o presidente José Bastos Padilha anunciou o término da construção do muro de alvenaria em volta do terreno, uma das exigências do contrato de cessão do imóvel. Foram colocados quatro portões de madeira e construída uma pista de atletismo em volta do campo. Algum tempo depois, o Flamengo conseguiu a instalação de água para irrigação do gramado e chuveiro nos vestiários, além de luz elétrica e um telefone particular.
Em 14 de março de 1936, o Conselho Deliberativo autorizou o início das obras de construção das arquibancadas do estádio. Foram arrecadados 500 contos de réis para que a Comissão de Obras formada por Mário Rebello de Oliveira, Manuel Joaquim de Almeida, Comandante Alberto Lucena, José Manoel Fernandes, Gustavo de Carvalho e Alejandro Baldassini contratasse os construtores. A primeira estaca, de um total de 160 a cargo da firma Pieux-Franki, foi batida com uma grande solenidade no dia 9 de agosto de 1936. Custo da obra: 360 contos de réis. O preço total do estádio tinha sido avaliado em 1 milhão e 100 mil contos de réis, a cargo da Construtora Pederneiras S. A.
Para não parar a obra, era preciso arranjar dinheiro e isso foi feito através do lançamento de títulos de sócio proprietário autorizado pelo Conselho Deliberativo em sessão de 9 de janeiro de 1937. Inicialmente, foram lançados 100 títulos a 4 contos de réis cada um. Sucesso total, comprovando mais uma vez a enorme popularidade do Flamengo junto ao povo. Todos foram vendidos em 30 dias e o Flamengo arrecadou 400 contos de réis. Mais 100 títulos foram lançados – já com aumento – a 5 contos de réis cada e também vendidos. Mais 500 contos de réis no caixa do Flamengo.
As obras estavam sendo tocadas a pleno vapor quando o presidente José Bastos Padilha renunciou ao cargo alegando cansaço após cinco anos lutando pela construção do estádio. Raul Dias Gonçalves assumiu e completou o mandato até 31 de dezembro de 1938.
No meio do mandato de Raul Gonçalves, o conselheiro Oscar Esposel propôs a inauguração do Estádio da Gávea em 15 de novembro de 1938, quando o Flamengo estivesse completando 43 anos de fundação. Mas a festa aconteceu antes. No dia 4 de setembro de 1938, o Estádio da Gávea, logo depois batizado "Estádio José Bastos Padilha", foi inaugurado com um jogo entre Flamengo e Vasco. Vitória vascaína, por 2 a 0, mas a alegria era mesmo rubro-negra, por estar com a nova casa concluída.
O primeiro Tri-campeonato
Depois do brilhante título de 1939, o Flamengo perde o craque Leônidas da Silva e assiste o Fluminense voltar a reinar no início da década de 40. O tricolor conquista o bicampeonato em 1940/41, deixando o rubro-negro como vice nos dois anos, e parte rumo a outro tri. Neste último ano, Pirilo, centroavante do Flamengo, entra para a história do campeonato carioca, ao marcar 39 gols, sendo o maior artilheiro num ano da competição.
O então presidente do Flamengo, Gustavo de Carvalho, decide dar plenos poderes ao técnico Flávio Costa. O treinador estrutura o time rubro-negro para impedir o título do Fluminense.
Surge um dos três maiores jogadores da história do Flamengo. Thomaz Soares da Silva, o Zizinho, ou Mestre Ziza, tal era a sua categoria. O craque comanda a equipe rubro-negra em 1942 e impede mais um tricampeonato tricolor, dando início à primeira seqüência de três títulos cariocas seguidos do rubro-negro, em 1942/43/44.
Liderando uma grande equipe, na qual se destacavam as lendas rubro-negras Yustrich, Domingos da Guia, Biguá, Jaime, Valido, Pirilo e Vevé, Zizinho leva o Flamengo à sua primeira grande glória da história.
Em três anos, 44 vitórias, 188 gols marcados e apenas seis derrotas. Em 63 jogos o time obtém média de três gols por partida. Pirilo foi o artilheiro da campanha, marcando 46 vezes. O grande destaque foi Valido, que voltou ao futebol aos 41 anos, para marcar o gol do tri. Mesmo sofrendo de febre, o centroavante argentino fez 1 a 0, aos 41 min do segundo tempo da final disputada na Gávea para 20 mil pessoas, contra o Vasco, num lance muito polêmico – o jogador teria se apoiado no zagueiro adversário para cabecear. Choro vascaíno e alegria rubro-negra, em um dos títulos mais saborosos da história do Flamengo.
A ressaca depois do TRI
Conquistado o primeiro tricampeonato da história do clube, o Flamengo não consegue manter o time para a tentativa do tetra, em 1946. Perácio é convocado pelo Exército Brasileiro para lutar no fim da II Guerra Mundial e sem Jurandir, Domingos da Guia e Valido, o rubro-negro perde suas forças. O tiro de misericórdia é dado pelo Vasco, que contrata o mentor Flávio Costa.
São pouco os remanescentes do tricampeonato e nem Zizinho e Jair da Rosa Pinto são capazes de levar o clube ao quarto título seguido. A crise se instala no futebol da Gávea e o Flamengo não consegue mais do que as terceiras colocações em 1945/46 e 1948/49. Pior, começa o tabu, que iria durar até 1951, de não vencer o Vasco por seis anos. A década que começou bem para o Fla termina mal.
O segundo Tri-campeonato
A década de 50 começa para o Flamengo da mesma forma que a de 40 terminou: com crise no futebol. O presidente Dario de Melo Pinto vende Zizinho para o Bangu, antes mesmo da Copa do Mundo disputada no Brasil, numa negociação lamentada por muitas décadas no clube rubro-negro. Para piorar, o tabu contra o Vasco continua e, numa goleada de 5 a 2 sofrida para o rival, a torcida fica revoltada e queima a camisa 10 de Jair da Rosa Pinto, exigindo a volta do técnico Flávio Costa. O resultado de tanta turbulência é a pior colocação rubro-negra na história do campeonato carioca, um sétimo lugar, atrás até do Olaria.
Diante de tamanho desastre, o treinador do tri da década de 40 é contratado pela diretoria. Mas o retorno à Gávea de Flávio Costa não é igualmente vitorioso. O time termina em quarto lugar em 1951 e é vice em 1952, perdendo o título para o Vasco. Pelo menos termina com o tabu de derrotas para os cruzmaltinos, em 1951, mas nada que segurasse o técnico na Gávea novamente.
Em 1953, chega à Gávea aquele que iria conduzir o Flamengo ao segundo tricampeonato da sua história. O paraguaio Fleitas Solich contrata os conterrâneos García, Chamorro e Benítez e junta-os a uma geração maravilhosa formada na Gávea. Na defesa, a virilidade de Pavão e a habilidade de Jordan; no meio-campo, a técnica de Dequinha, Rubens, Paulinho e Moacir; na frente, um ataque habilidoso e goleador, formado por Joel, Índio, Henrique, Evaristo, Zagallo e Dida; destaques da campanha do segundo tri conquistado em 1953/54/55.
No último ano do tri, a taça é levantada depois de uma melhor de três contra o América, em que o Flamengo vence a primeira por 1 a 0, perde a segunda de goleada, 5 a 1, e devolve o placar dilatado na terceira, 4 a 1.
Conquistado o segundo tri da sua história, o Flamengo não repete as brilhantes atuações nos campeonatos seguintes e termina em terceiro colocado em 1956 e 1957, sendo vice em 1958 e sexto lugar em 1959.
Década de alegrias Rubro-Negras
A década de 50 foi uma das melhores da história do Flamengo. Se não venceu nenhum campeonato no remo, pelo menos no futebol foi tricampeão carioca e revelou craques até para a seleção brasileira campeã mundial em 1958; no basquete teve a geração maravilhosa de Algodão, comandada por Kanela, que foi decacampeã carioca; no vôlei foi duas vezes bicampeão com Carmen Godinha e Zoulo Rabelo; e no atletismo conquistou um pentacampeonato carioca e um brasileiro com Tião Mendes.
Tanta emoção vitimou um dos maiores presidentes da história do clube. Gilberto Cardoso, um símbolo do amor rubro-negro, faleceu devido ao um infarto depois da emocionante final do campeonato carioca de basquete de 1955, decidida no último segundo. O Flamengo perdeu um dos seus mais dedicados filhos numa época gloriosa.
Mais conquistas e o primeiro título nacional
A década de 60 não começou bem para o Flamengo. Além da quarta colocação campeonato carioca, a renúncia do presidente George Fernandes por causa de dívidas do clube serviu para tumultuar ainda mais o ambiente rubro-negro.
Fadel Fadel assume e dá sorte. No seu primeiro ano, em 1961, o Flamengo conquista o Torneio Rio-São Paulo, sendo a primeira taça de nível nacional que vem para a Gávea. Surge a geração de Carlinhos, Nelsinho, Gérson, Jaime, Silva e Almir.
Em 1963, o Flamengo impede o tricampeonato carioca do Botafogo. Começa mal o campeonato, com duas derrotas, para América e Bangu. Mas se recupera e não perde mais nenhuma partida até o fim da campanha.
Este mesmo ano marca o fim do jejum no remo, que vence após 20 anos e torna o Flamengo campeão de terra e mar novamente. O presidente Fadel Fadel inicia a construção do parque aquático da Gávea, reestrutura o departamento de natação do clube e organiza o esporte que iria dar os bons frutos no fim da década de 60, com o bicampeonato estadual e o primeiro Troféu Brasil.
Depois do terceiro lugar em 1964, o Flamengo tem um maravilhoso ano em 1965. No futebol ganha o campeonato carioca e o Torneio do IV Centenário do Rio de Janeiro, começa a campanha do pentacampeonato do remo – sendo mais uma vez campeão de terra e mar – e conquista o bicampeonato do Troféu Brasil de atletismo, além do estadual masculino do esporte.
Entra a administração de Luis Roberto Veiga de Brito. Em 1966, um episódio marcante, mas nem tão feliz para o clube. O Flamengo perde a decisão do campeonato carioca para o Bangu e Almir Pernambuquinho, raçudo centroavante rubro-negro, não deixa a partida acabar ao iniciar a maior briga da história do Maracanã.
Era uma época difícil para o futebol do Flamengo. Vivendo uma entressafra de craques e tendo como maior adversário o super-time do Botafogo, com Garrincha, Didi e Gérson, o time rubro-negro fica no jejum na segunda metade da década de 60. Em 1969, tem a oportunidade de conquistar o título, mas perde para o Fluminense.
Se no futebol estava ruim, o remo continuava a campanha do pentacampeonato e a natação conquistava o bicampeonato carioca, depois de um longo jejum de 28 anos, e o inédito Troféu Brasil. Coisas de um clube forte em vários esportes.
O começo da geração de ouro
Depois de um fim de década nem tão bom para o futebol, o Flamengo começa a formar a geração que daria as maiores glórias para o clube no esporte. Zico, que chegara ao clube em 1967 pelas mãos do radialista Celso Garcia, já se destacava nas escolinhas rubro-negras. Em 1972, o Flamengo vence o campeonato carioca depois de sete anos e o jovem craque lidera o time juvenil no primeiro ano do bicampeonato da categoria - já havia estreado nos profissionais em 1971.
Neste ano ainda, outra grande alegria foi a conquista do Torneio do Sesquincentenário da Independência do Brasil. Porém, acontece um desastre também, que seria reparado somente nove anos depois. A goleada de 6 a 0 do Botafogo fere a alma da torcida rubro-negra.
Em 1974, Zico passa a titular da equipe principal do Flamengo e ganha o seu primeiro título como profissional, em cima do Vasco, campeão brasileiro do mesmo ano. O craque rubro-negro dá uma pequena amostra do que seria capaz de proporcionar ao clube.
Nos dois anos seguintes, não teve como superar o Fluminense e sua máquina tricolor. O presidente Francisco Horta montou um grande time, não deixando chance para os rivais, e conquistou o bicampeonato carioca.
Mas a espera valeu a pena. Em 1978, o Flamengo conquistou um dos títulos mais marcantes da sua história. Impediu o bicampeonato do Vasco vencendo a partida no final - gol de Rondinelli de cabeça - e deu início à campanha do seu terceiro tricampeonato carioca, completado em 1979 com dois títulos em um ano.
Era o início de um grupo que brilharia intensamente na década de 80. Os talentos incipientes de Júnior, Andrade, Zico e Tita, a categoria veterana de Carpegiani e Raul, coadjuvantes mais que brilhantes como Rondinelli e Cláudio Adão e os que ainda estavam por vir, como Leandro, Figueiredo, Mozer, Adílio, Júlio César, das divisões de base da Gávea, e Nunes, Baltazar e Lico.
Formação de talentos também nos outros esportes
A preparação para uma década maravilhosa, a de 80, não foi privilégio só do futebol. A natação do Flamengo formou os talentos que iriam trazer para a Gávea uma extensa lista de títulos cariocas e brasileiros durante mais de dez anos. Em 1978, ganhou o Troféu José Finckel e iniciou em 1979 a sensacional sequência de títulos estaduais que só iria terminar no fim da década de 90.
No vôlei feminino e no remo, os atletas rubro-negros eram formados já ganhando títulos. As meninas venceram o estadual de 1977 depois de 16 anos de jejum e alcançaram a glória nacional ao vencerem o campeonato brasileiro em 1978. Já dentro d’água, a sequência de títulos foi impressionante. O Flamengo conquistou todos os cariocas da década, vencendo o seu primeiro Troféu Brasil em 1978.
Década maravilhosa
A década de 80 foi a que mais trouxe conquistas para o Flamengo. Anos em que a alegria de ser rubro-negro era maior do que qualquer outra coisa. Tempo em que Zico, o maior ídolo da história do clube, reinava nos campos de futebol, coadjuvado por estrelas como Raul, Leandro, Mozer, Rondinelli, Júnior, Andrade, Adílio, Júlio César, Tita, Nunes e Lico. Fora dos gramados, o esporte amador ganhava tudo o que disputava, na natação, basquete, remo e judô.
Embalado pelo tricampeonato carioca, em 1980, o Flamengo conquista o seu primeiro Campeonato Brasileiro - até então, no Rio de Janeiro, somente o Vasco havia se sagrado campeão nacional, em 1974. Depois de perder no Mineirão por 1 a 0, Raul, Toninho, Manguito, Marinho e Júnior; Andrade, Carpegiani e Zico; Tita, Nunes e Júlio César entram em campo no Maracanã com a obrigação de vencer. O esquadrão rubro-negro faz uma emocionante final com o Atlético-MG, ganha nos últimos minutos, com gol do centroavante rubro-negro. A explosão de alegria seria a primeira de muitas na década.
No ano seguinte, o Flamengo teve as maiores felicidades que um clube pode alcançar, tudo isso num espaço de dois meses. De novembro até o fim do ano, o time foi campeão estadual, da Taça Libertadores da América e Mundial, tornando-se o segundo time da história do futebol brasileiro a conquistar a glória de ser o melhor do planeta. De quebra, ainda devolveu uma goleada de 6 a 0 sofrida para o rival Botafogo em 1972 e que ficou por quase 10 anos entalada na garganta dos torcedores rubro-negros.
Participando pela primeira vez da disputa da Taça Libertadores da América, o Flamengo voltou todas as suas forças para essa competição. Mostrou ser bom de bola e valente sem ela também. Superou a violência dos rivais sul-americanos e conquistou o título de campeão do continente, em uma final muito disputada, com o Cobreloa, vencida por 2 a 0 no terceiro jogo, gols de Zico.
No dia 13 de dezembro de 1981, o Flamengo entrou em campo para o jogo mais importante da sua história. Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico eram os onze encarregados de levar o clube rubro-negro à conquista do título mundial interclubes contra o Liverpool, poderoso time inglês.
O Mengão mostrou sua força, enfiou 3 a 0, gols de Nunes (2) e Adílio, já no primeiro tempo e se sagrou campeão do mundo. Era o êxtase maior da Nação, que, em todas as partes do planeta, cantou como nunca a alegria de ser rubro-negro.
No ano seguinte, mais motivo para sorrir, com a conquista do bicampeonato brasileiro. Da equipe campeã mundial, a única mudança havia sido a entrada do jovem Figueiredo no lugar do zagueiro Marinho. Na decisão, o Flamengo venceu o Grêmio no seu terreiro por 1 a 0, gol de Nunes (na foto ao lado)depois de passe de Zico, pra variar.
Em 1983, o terceiro título e a coroação de melhor time do Brasil da década, já no começo da mesma. Na final de Campeonato Brasileiro com maior público de todos os tempos (mais de 155.253 pessoas), o Flamengo novamente não deixou prevalecer a vantagem do empate do adversário. Meteu um gol logo aos 40 segundos de jogo, com Zico, e ampliou com Leandro no fim da primeira etapa. No último minuto, Adílio, o melhor em campo, fechou a goleada. O clube rubro-negro se igualava ao Inter, tricampeão em 1976/76/79, como o clube de maior número de títulos nacionais do país.
Apesar do apogeu, o Flamengo perdeu o seu maior ídolo. Na época em que os clubes estrangeiros começavam a se tornar o eldorado do futebol mundial, Zico se transfere para o Udinese, da Itália, e a Nação fica orfã. O resultado é um jejum de títulos de três anos na década mais gloriosa do clube da Gávea.
O Galinho de Quintino não agüenta de saudades e volta em 1985. Os adversários tremem de novo e, mesmo em recuperação de mais uma cirurgia no joelho e envolvido com a seleção brasileira, comanda um time jovem ao título de campeão carioca de 1986, o segundo da década de 80. Nesta equipe despontava aquele que poderia ter sido o seu substituto, mas que não aproveitou a chance e se perdeu em outros clubes. Bebeto foi destaque da campanha e começou a se firmar entre os profissionais.
Em 1987, junto dos veteranos Leandro, Edinho e Andrade, dos novos talentos desenvolvidos na Gávea, como Jorginho, Aldair, Leonardo, Bebeto e Zinho, e de um endiabrado ponta direita, Renato Gaúcho, Zico levanta a quarta taça de campeão brasileiro, tornando, na época, o Flamengo em maior detentor de títulos nacionais de todos os tempos.
A década terminou de maneira triste para o Flamengo. Em 1989, o craque maior da história do clube da Gávea se despediu dos gramados e deixou uma legião enorme de fãs carentes. Como ficaria o Flamengo sem Zico? Ainda mais que Bebeto e jovens valores da equipe rubro-negra estavam sendo negociados, como Leonardo, Jorginho, Aldair e outros craques veteranos já haviam deixado o clube - Andrade e Renato Gaúcho foram para o Roma e depois retornaram para outros clubes brasileiros e Leandro abandonou os gramados.
Apesar de tudo, campeão
Zico não esteve presente na história do Flamengo como jogador a partir de 90. Mas, um outro remanescente da década maravilhosa rubro-negra seguiu no comando da garotada rubro-negra. Júnior, que voltara ao Flamengo em 1989, comandou o time na primeira metade da última década do século XX. Jogando no meio-campo, o craque conquistou mais dois títulos nacionais, um carioca e alavancou o Flamengo de novo ao posto de um dos melhores times do Brasil.
Em 1990, o Flamengo ganhou a Copa do Brasil no seu segundo ano de existência. No estádio do Serra Dourada, segurou um empate em 0 a 0 que lhe garantia o título, pois vencera no primeiro jogo da decisão por 1 a 0, gol de Fernando. Júnior começava a liderar a geração campeã da Copa São Paulo de Juniores, formada por Júnior Baiano, Piá, Fabinho, Marquinhos, Djalminha, Paulo Nunes, Nélio e outros.
No ano seguinte, em um dos Campeonatos Carioca mais disputados da década, Júnior, o ‘Maestro da Gávea’, como passou a ser conhecido na época pelo seu requintado futebol na armação de jogadas, organizou a garotada rubro-negra no título carioca, junto com o já experiente Zinho e Uidemar, o Ferreirinha. O centroavante Gaúcho, com seus gols de cabeça, torna-se uma das principais armas do time.
Em 1992, mesmo vindo da conquista estadual, o Flamengo entrou desacreditado no Campeonato Brasileiro. No começo da campanha, até fez jus à falta de fé. Ficou atrás na classificação e parecia não ter forças para chegar entre os primeiros.
Mas, em uma arrancada sensacional, passou à fase decisiva, elimina o favorito time do Vasco e humilhou a constelação de estrelas do Botafogo na final. Para se tornar pentacampeão brasileiro e ampliar a vantagem como maior vencedor desta competição no país, o jovem time do Flamengo contou com os gols de Júnior, artilheiro da campanha com nove gols (feito inédito para o jogador), e o apoio da Nação Rubro-Negra. A torcida mostrou a sua força nos jogos finais, colorindo totalmente o Maracanã em vermelho e preto no último jogo, espremendo os rivais botafoguenses em um canto do estádio.
Nos dois anos seguintes, o Flamengo sofre. Júnior se despede dos gramados e deixa a Nação novamente sem rumo. "Quem é o nosso ídolo agora?" - perguntavam-se os rubro-negros.
Novos ídolos não correspondem
Em 1995, o ex-radialista Kléber Leite assumiu a presidência e trouxe consigo Romário (na foto ao lado), o craque da Copa do Mundo de 1994, conquistada pelo Brasil. O novo dirigente tirava o melhor jogador do mundo do clube mais poderoso da Europa, o Barcelona. Junto com o jogador, chega à Gávea Wanderley Luxemburgo, treinador apontado pela imprensa como o melhor do país. A promessa era, então, de um futuro brilhante. No ano do seu centenário, o Flamengo parecia que ia marcar a data com vitórias e títulos. Mas não foi exatamente isso que aconteceu.
Na fase decisiva do Campeonato Carioca, o time abriu ampla margem de pontos do segundo colocado e pareceu que iria dar a primeira alegria antes da metade do ano. Mas, numa final emocionante, perde para o Fluminense por 3 a 2, com o histórico gol de barriga de Renato Gaúcho no fim do jogo, e deixa a taça escapar.
A derrota abalou o início da administração Kléber Leite, que se desfez de parte do time e contratou jogadores para o Campeonato Brasileiro. Em mais uma hábil negociação, trouxe do Palmeiras, clube mais rico do Brasil na época, o atacante Edmundo. Além de ter em seu elenco um trio de frente maravilhoso, com Sávio e Romário também, o Flamengo atingiu o Vasco, ex-clube do jogador.
Mas, apesar de contar com o ‘ataque dos sonhos’, o time vai mal no Campeonato Brasileiro e perde um título no Maracanã. Numa final em que a torcida rubro-negra lotou o Maracanã sozinha, o Flamengo venceu o Independiente, da Argentina, somente por 1 a 0 – precisava de pelo menos dois gols de saldo – e não aproveitou a última oportunidade de conquistar alguma coisa no ano do centenário.
Promessas e dois títulos Cariocas
Romário chegou à Gávea em 1995 prometendo dar alegrias à torcida, mas, passado o primeiro ano, o artilheiro não havia conquistado nada. Já sem Edmundo, o presidente Kléber Leite movimenta os cofres rubro-negros e compra mais jogadores. Do Fluminense campeão carioca e quarto colocado do Campeonato Brasileiro, chegam o lateral-esquerdo Lira, os meias Márcio Costa e Djair e o técnico Joel Santana. Tira do Botafogo a revelação da competição nacional, o armador Iranildo, e traz o atacante Amoroso, destaque da seleção brasileira.
Com bons jogadores até no banco de reservas, o Flamengo ganha o Campeonato Carioca de 1996 sem perder para ninguém – o quarto título invicto na história rubro-negra. Na final, empate em 0 a 0 com o Vasco e muito alívio depois de um jejum de três anos sem títulos.
A alegria dura pouco. Nas competições seguintes, o time não mantém o mesmo padrão. A diretoria compra e vende jogadores, chegando a uma centena de transações até 1998 (fim do seu mandato). Nesta leva, Romário vai para a Europa e volta. Eem mais uma hábil negociação de Kléber :Leite, que chega na frente do Vasco, Bebeto é contratado para reviver com o Baixinho a dupla de ataque tetracampeã mundial, mas sai pela porta dos fundos. Sávio é outro que também afunda junto com a equipe e acaba sendo envolvido numa troca com o Real Madrid.
O resultado de tanto entra e sai é um Flamengo descaracterizado, com vários jogadores que nem sequer esquentam o lugar na Gávea. O time sofre derrotas constrangedoras e Kléber Leite é chamado de pé-frio. A maior alegria do período acaba sendo o desastre do rival. O Vasco perde o título mundial no fim de 1998 e faz os rubro-negros voltarem a sorrir.
Futuro promissor
A felicidade motivada pelos vascaínos se prolongou em 1999. Edmundo Santos Silva foi eleito presidente e não comprou nenhum jogador para a disputa do Estadual. Limitou-se a manter a equipe e a contratar um gerente de futebol, o ex-goleiro Gilmar Rinaldi. No início do Campeonato Carioca, então, o vice-presidente do Vasco, Eurico Miranda desdenhou e afirmou que os outros clubes iriam disputar o vice-campeonato. Mesmo com um time inferior tecnicamente, o Flamengo supera na raça o rival e leva mais uma taça para a Gávea, a 25ª da sua história.
Durante o ano, o clube se agitou em torno da discussão da proposta de parceria da empresa suiça de marketing ISL, ao mesmo tempo em que começou a se reforçar nos esportes amadores (Oscar, o maior jogador brasileiro de basquete de todos os tempos, e Virna e Leila, da seleção nacional de vôlei, começaram a defender as cores vermelha e preta) e continuou sem contratar no futebol.
No Campeonato Brasileiro, o clube não foi bem. Mas, na Copa Mercosul, ganhou um título internacional oficial depois de 18 anos - desde o campeonato mundial interclubes, em 1981. A forma como foi conquistada agradou em cheio a Imensa Nação Rubro-Negra. Depois de uma semifinal em que se classificou no Uruguai eliminando o Peñarol e agüentando a covardia do adversário, que armou uma arapuca no término da partida e encurralou o time no campo, o Mengão superou o poderoso Palmeiras na final, com atuações soberbas dos jovens valores formados na Gávea, como Rodrigo Mendes, Lê e Reinaldo.
Junto com a decisão, a assinatura do contrato de parceria com a ISL foi firmado, no dia 17 de dezembro, anunciando um futuro de ainda mais glórias para o Flamengo a partir do ano 2000.
Sucesso no novo milênio
O acordo com a empresa suíça de Marketing Esportivo, a ISL, possibilitou ao Flamengo realizar grandes contratações. Nesta época, craques como o iugoslavo Petkovic, Edílson, Gamarra e Vampeta e o respeitável técnico Zagallo foram contratados e ajudaram o clube a conquistar grandes vitórias e títulos importantes para a história do clube.
Em 2000, o Flamengo conquistou o bicampeonato estadual, ao vencer o Vasco no primeiro jogo da final por 3 a 0, no Maracanã, com gols de Athirson, Fábio Baiano e Beto. Na segunda partida, no mesmo estádio, o Fla repetiu a boa performance e derrotou a equipe cruzmaltina por 2 a 1, com gols de Reinaldo e Tuta, conquistando, o bicampeonato estadual.
Mesmo com o final da parceria Flamengo x ISL, que durou cerca de um ano, o Flamengo não deixou a "peteca cair" e continuou o seu caminho de vitórias e conquistas importantes. Em 2001, o clube rubro-negro conquistou mais um tricampeonato estadual, novamente contra o Vasco. No primeiro jogo da final, o Mengo não conseguiu garantir a vitória e acabou perdendo para o arqui-rival por 2 a 1, Petkovic garantiu o único tento do Fla. Na segunda partida, não teve pra ninguém. O Flamengo venceu com méritos o Vasco por 3 a 1, com dois gols de Edílson e um suado gol de Pet, aos 44 do segundo tempo.
A trajetória do Mengo durante o início deste milênio é gloriosa, vale descartar apenas a atuação do clube no Campeonato Brasileiro de 2001, quando por pouco o time não foi rebaixado para a segunda divisão. Em outras competições, o Fla continuou fazendo bonito, conquistou a Copa dos Campeões ao derrotar o São Paulo e chegou à final da Copa Mercosul ao vencer o Grêmio, nos pênaltis.

Nenhum comentário: